O indizível segundo Clarice
( Clarice Lispector )
Revista E, n.º 71, SESC.
Evento no Consolação e espetáculo de teatro no Belenzinho abordam a obra daquela que é considerada uma das mais intensas e perturbadoras escritoras brasileiras, Clarice Lispector
O destino parecia reservar a Clarice Lispector uma vida que, de longe, poderia se parecer com a de qualquer outra mulher de sua época. Casou-se, teve filhos, seguia o marido em suas mudanças de país devido à profissão de diplomata. É certo que poucas mulheres chegavam à faculdade naqueles dias. Ainda mais no curso de Direito, habitat prioritariamente formado por cavalheiros. E ela chegou. Separar-se do marido também era coisa rara. E ela o fez. Porém, novamente, de longe, nada tão incomum. Entretanto, é de Clarice Lispector que estamos falando. E é de perto que se percebe que ela não seria apenas uma mulher de sua época. De perto do coração selvagem dessa mulher que, quando colocava sua máquina de escrever sobre o colo e acendia um cigarro, escavava, romance a romance, sua entrada particular no hall das figuras que fizeram a diferença. Sua literatura tomou de assalto público e crítica e fez surgir um dos mais enigmáticos personagens do nosso País. "Clarice vivia a ficção em toda a sua plenitude", comenta a escritora Ana Miranda, autora do romance Clarice, no qual a transforma em protagonista. "Um dos seus aspectos mais interessantes é que ela era o seu personagem, ela mesma era a narradora. Quando a leio tenho a sensação de que estou ouvindo sua voz. A vida de Clarice e sua obra são quase o mesmo mundo. Ela era sempre Clarice."
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